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24 de Outubro de 2019 às 15:43

Em nova negociação, Caixa não avança nas principais reivindicações dos empregados


Apesar da cobrança dos representantes dos empregados, a Caixa manteve a postura de não atender às reivindicações dos trabalhadores na rodada da mesa permanente de negociação mantida em Brasília na terça-feira 22, mesmo dia em que foram realizados atos em todo o país em defesa da Caixa 100% pública.

“Mais uma vez as expectativas dos empregados foram frustradas. Soluções para temas relevantes como contratação, Funcef, Saúde Caixa e o risco de privatização da empresa, não foram apresentados pelos representantes da empresa. Sequer foi dada uma resposta sobre se a direção da empresa tinha contestado o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, acerca de sua afirmação de que a ‘Caixa rouba os trabalhadores’, afirma Antonio Abdan, representante da Fetec-CUT/CN na Comissão Executiva dos Empregados (CEE).

Para Abdan, a mesa é um importante canal, “houve avanços, mas o contexto exige mais de todos nós”.

FGTS e atendimento aos sábados

O primeiro tema debatido na reunião foi o pagamento das horas extras aos empregados convocados a prestarem o serviço dos saques do FGTS fora da jornada normal de trabalho, tema que representa hoje o símbolo dos ataques à Caixa 100% pública e social. Foi reivindicado também o efetivo pagamento das horas extras para os gerentes gerais das agências digitais e das que irão funcionar nos dias de abertura para os saques.

A Caixa fez esclarecimentos sobre a antecipação do calendário para o fim do ano. Está prevista abertura estendida para esta sexta-feira 25 a abertura de algumas agências neste sábado 26. “Será feita nova avaliação, caso não se justifiquem a extensão do atendimento, possivelmente nos livraremos desse problema”, diz Abdan.

Para compensar a hora-extra dos gerentes gerais durante o pagamento do FGTS, a Caixa sinalizou com folgas. Os representantes dos empregados questionaram que até hoje as horas extraordinárias do pagamento do FGTS das contas inativas, no governo Temer, não foram compensadas “Precisamos de soluções objetivas, como um aviso oficial da empresa como folga para os GG, agendadas imediatamente.”

Foram relatados pelos representantes dos empregados alguns problemas, tais como a utilização do tempo para atividades diferentes ao pagamento do FGTS e a dispensa de empregados depois de se deslocarem para a agência, para trabalharem no sábado, por falta de clientes.

Sobre a utilização indevida do dia do sábado para outras atividades, a Caixa alegou desconhecimento. Disse que reforçará a informação junto às unidades para se limitarem a atividades relacionadas ao pagamento do FGTS e que os sistemas disponibilizados seriam só os relacionados à demanda. “Cobramos cópia do comunicado. É importante que os sindicatos, dentro do possível, acompanhem se não está acontecendo desvirtuamento da proposta de abertura da Caixa nos sábados e em horários estendidos”, alerta o representante da Fetec-CUT/CN na mesa de negociação.

O problema dos que foram trabalhar no sábado e, por ausência de pessoal, foram dispensados, gerou incômodo para aqueles que tinham se programado para ficar trabalhando no dia. A Caixa garantiu uma análise e direcionamento para que isso não volte a acontecer. Também disse que nenhum empregado convocado ficará menos que quatro horas na unidade.

Defesa da Caixa 100% pública

Os representantes dos trabalhadores denunciaram as iniciativas da direção da empresa de fatiar o principal banco de varejo totalmente público do Brasil, como ocorreu com a venda da Lotex, entregue para o consórcio estrangeiro Estrela Instantânea, formado pelas empresas privadas IGT (norte-americana) e SGI (italiana). O leilão foi realizado nesta terça-feira (22), na sede da B3, em São Paulo.

“Os negociadores da empresa se mostraram indiferentes. A luta se dará junto aos empregados e opinião pública. Por conta disso, estamos com uma nova campanha nacional de defesa da Caixa: ‘A Caixa e toda sua’. A campanha, lançada em Brasília no dia 15 e em São Paulo no dia 18, tem foco na população e pretende utilizar, de forma ostensiva, os principais meios de comunicação disponíveis. É importante que os sindicatos se informem da campanha, inclusive pegando o material disponibilizado”, convoca Abdan.  Confira aqui o lançamento da campanha . http://feteccn.com.br/noticia/ato-no-matriz-3-denuncia-fatiamento-da-caixa-comite-deflagra-campanha-acaixaetodasua/

Saúde Caixa

Por considerar uma das principais prioridades dos empregados, a CEE/Caixa cobrou mais transparência na apresentação dos números do Saúde Caixa, para que os usuários possam discutir medidas que garantam a sustentabilidade e o caráter solidário do plano.  A reivindicação é para que seja corrigido o cálculo equivocado do superávit do plano, situação em que é praticamente considerada apenas a parte dos trabalhadores.

A Caixa entregou um relatório sobre o processo de sustentabilidade do plano aos dirigentes sindicais. Sobre o relatório, o primeiro em 14 anos, os representantes dos empregados denunciaram que ele apresenta um superávit inferior em quase 200 milhões aos valores que praticávamos. Pedimos que nos fossem abertas as contas para que auditássemos os valores, o que está sendo negado. A Caixa se prontificou a discutir o relatório e até melhorar seu formato.

“Com a divulgação do relatório para todos os empregados, é nítida a estratégia da empresa em convencer a todos da importância de rever valores para se manter a sustentabilidade do plano. A representação dos empregados não se nega a discutir a sustentabilidade do plano, o que destacamos é que esse debate se dê, primeiramente, junto às esferas criadas para fazer a representação dos empregados, no caso a CEE, GT Saúde Caixa e Conselho de Usuários. E também que haja transparência nesses números”, avalia Abdan.

Outra exigência por parte dos representantes dos empregados é que não seja implementada pela empresa nenhuma mudança no Saúde Caixa de forma unilateral.

A questão dos novos foi lembrada. E a Caixa alega que novas adesões de titulares estão condicionadas à implementação da parte da CGPAR23, no caso o cumprimento da cobrança individualizada. Outras exigências podem ser implementadas em outra época, até janeiro de 2022.

“As declarações dos representantes da Caixa reforçam cada vez mais a necessidade de mobilização da categoria na manutenção de nosso Saúde Caixa sustentável e também viável. Não queremos mais um plano de mercado”, destaca Abdan.

Saúde do trabalhador

Mais uma vez os representantes dos empregados defenderam a humanização da gestão e o fim do GDP, por considerá-lo instrumento de assédio moral que promove a instabilidade e o adoecimento dos trabalhadores.

“Foi entregue aos representantes da empresa material da nova campanha que faremos contra o assédio moral e a gestão por medo na Caixa”, diz ainda o representante da Fetec-CUT/CN na Comissão Executiva dos Empregados da Caixa.

“Também externamos nosso descontentamento com a ameaça de descomissionamento  na GDP, no Revalida, e a falta de transparência Por fim, externamos nossa preocupação com a falta de empregados para fazer o atendimento nas GIPES/REPES.”

Contratação já

Sobre as contratações foram cobradas as formalizações das promessas feitas pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Os representantes dos empregados lembraram que as contratações feitas até agora (maioria por força de ações judiciais) são poucas frente ao aumento da demanda e saída de empregados via PDV e aposentadorias.

A Caixa alegou que contratações só mediante autorização do Ministério da Economia.

Sobre a participação na greve geral de 2019, que gerou punição a aproximadamente 1.200 empregados no país, a Caixa alegou ainda não ter uma solução para apresentar. “Continuaremos cobrando uma solução, não abandonaremos aqueles que lutam por um país melhor. É inadmissível tratar movimento paredista como uma falta injustificada. É perseguição da empresa. Faremos tudo ao nosso alcance para reverter essa situação”.

Funcef

Um dos itens reivindicados foi a paridade no equacionamento do REG/Replan não-saldado. E também a incorporação do REB pelo Novo Plano, uma revisão da atual política de investimento e um debate sério sobre as dívidas trabalhistas, com a Caixa assumindo responsabilidade exclusiva pelo contencioso.

Desde o equacionamento de 2014, as entidades representativas pleiteiam que os verdadeiros donos da Funcef, os participantes, sejam incluídos nos processos decisórios que os afetam de forma tão direta, como é a questão do equacionamento.

Em relação ao equacionamento, a Caixa diz que a competência cabe exclusivamente à Funcef. No tocante à incorporação do REB, que exige aporte de recursos, o argumento é de que depende de autorização do Ministério da Economia.

O contencioso judicial também continua sem solução. O banco informou ainda que o GT criado para discutir as questões pertinentes à Funcef permanece parado. Isso levou a Comissão Executiva dos Empregados a protestar, afirmando em seguida que a falta de perspectiva de futuro é preocupante.

Itens pendentes

Outros temas de debates e que ficaram na pendência foram a promoção por mérito, a comunicação sobre o impedimento de tesoureiros executivos atenderem ao público e a manutenção do compromisso de avisar aos sindicatos ao mesmo tempo que as Superintendências Regionais sobre o fechamento e a abertura de agências.

Em relação à promoção por mérito, a representação dos empregados reivindicou que a proposta colocada em mesa garanta um delta a todos os empregados, com base em critérios objetivos. E protestaram também contra o que a Caixa vem dizendo de que existe uma limitação imposta pelo E-Social, de só poder promover os empregados a partir de abril de 2020. A definição sobre esse item está colocada para a próxima semana. 

O atraso nos créditos dos valores do VR e CA foi outro assunto abordado. Muitos empregados procuraram as entidades sindicais nos estados com reclamações de que não receberam os valores dos vales alimentação e refeição, quando deveriam ter sido creditados. Os representantes do banco informaram que houve problemas técnicos, que foram sanados ainda no sábado (19).

Este mês, os vales dos bancários vêm com o reajuste de 4,31%, que corresponde à reposição da inflação mais 1% de aumento real, conquistados na Campanha dos Bancários 2018, que fechou acordo de dois anos.

 Fonte: Fetec-CUT/CN, com Fenae


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