
O Brasil aprovou, em dezembro de 2024, a Lei Nacional dos Cuidados, que reconhece o cuidado familiar e doméstico não remunerado como trabalho. A medida representa um avanço histórico ao dar visibilidade ao papel central desempenhado, sobretudo, pelas mulheres na manutenção da vida, da família e das relações sociais.
Em alinhamento com esse marco e com o Plano Nacional de Cuidados, lançado em setembro por decreto presidencial, o Sindicato está iniciando uma pesquisa inédita sobre a realidade das mulheres bancárias que acumulam o trabalho remunerado com as responsabilidades de cuidado dentro e fora de casa. Essa é a primeira pesquisa voltada especificamente para compreender como o cuidado impacta o cotidiano das mulheres no setor bancário.
A proposta da pesquisa dialoga com a produção acadêmica e social sobre o tema liderada por Cosette Castro, psicanalista, jornalista e pesquisadora. Cosette é cocriadora do Coletivo Filhas da Mãe, que promove rede de apoio às mulheres cuidadoras sem remuneração de pessoas com demências, e atualmente concorre a uma vaga de Notório Saber no Comitê Estratégico do Plano Nacional de Cuidados. Sua atuação tem contribuído para nacionalizar o debate sobre cuidado como questão de justiça social e de políticas públicas estruturantes.
A pesquisa busca:
- Conhecer o perfil da mulher bancária que também é cuidadora familiar e/ou doméstica sem remuneração.
- Compreender quanto tempo o cuidado não remunerado ocupa na rotina das mulheres bancárias.
- Identificar os efeitos físicos e emocionais gerados pela sobrecarga de tarefas de cuidados.
- Mapear as necessidades das mulheres bancárias de diferentes faixas etárias para melhorar a qualidade de vida.
- Ouvir propostas e sugestões das próprias trabalhadoras sobre como construir uma Sociedade do Cuidado mais justa e equilibrada.
Para a secretária de Mulheres do Sindicato, Zezé Furtado, reconhecer o cuidado como parte estrutural da vida é condição para avançar na igualdade de gênero.
“Uma sociedade que realmente busca igualdade precisa enxergar o trabalho de cuidado, na maioria das vezes realizado por mulheres e, muitas vezes, de forma invisível. Dar nome a esse trabalho é o primeiro passo. Agora, precisamos conhecer as diferentes realidades para fortalecer direitos e políticas que garantam uma vida mais justa”, afirma.
A partir das experiências compartilhadas pelas trabalhadoras, o Sindicato pretende contribuir para políticas públicas, ações institucionais e reivindicações que promovam equidade, bem-estar e valorização do trabalho feminino. A participação das bancárias é fundamental para que a pesquisa reflita a diversidade de experiências do setor financeiro.
> O link do questionário está disponível aqui
Quando as mulheres têm voz, políticas mais justas ganham forma. Nesse sentido, o Sindicato reafirma seu compromisso com uma sociedade que reconhece e valoriza o cuidado como parte essencial da vida e do trabalho.
Victor Queiroz
Colaboração para o Sindicato


