
Bruno Peres/Agência Brasil
Os bancários do Centro-Norte participaram neste sábado 15 da Marcha Global por Justiça Climática, que lotou as ruas de Belém durante a programação da Cúpula dos Povos da COP30. A mobilização reuniu cerca de 70 mil pessoas e percorreu aproximadamente 4,5 quilômetros entre o Mercado de São Brás e a Aldeia Amazônica, em um ato organizado por movimentos sociais, povos tradicionais e delegações internacionais que denunciaram falsas soluções de mercado e defenderam saídas reais enraizadas nos territórios.
A coordenadora do Coletivo de Meio Ambiente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) e presidente da CUT Pará, Vera Paoloni, disse que com a Marcha os trabalhadores, os povos indígenas, os quilombolas, a população ribeirinha, as pessoas que habitam a Amazônia exigem ser ouvidos nas negociações climáticas da COP30.
Entre as principais reivindicações da manifestação estavam a extinção dos combustíveis fósseis, o fim do financiamento público ao agronegócio, a demarcação de terras indígenas e quilombolas e a retirada dos invasores desses territórios.
A concentração começou cedo, por volta das 8h, em frente ao Mercado de São Brás. Ao longo do trajeto, os participantes reforçaram que a crise climática exige respostas baseadas na justiça, na ciência dos povos e na defesa da vida — e não em mecanismos que prolongam a lógica de exploração. “Créditos de carbono, compensações florestais e privatização dos territórios mantêm grandes emissores poluindo enquanto comunidades são deslocadas sob a promessa de uma transição maquiada de verde”, apontaram representantes dos movimentos durante o ato.

Bancários do Centro-Norte na Marcha em Belém
Quem mais sofrem são os que menos contribuem para o aquecimento global
O documento político da Cúpula dos Povos destacou que são justamente as populações que menos contribuíram para o aquecimento global que sofrem os impactos mais severos da crise. Enchentes, secas extremas, perda de biodiversidade, insegurança alimentar e avanço de projetos extrativistas que violam direitos humanos foram citados como consequências diretas de um modelo que concentra benefícios e distribui prejuízos. “Enquanto grandes corporações lucram, nossos territórios são destruídos”, resumiu uma liderança quilombola durante a marcha.
Por isso, o ato defendeu que a transição ecológica precisa ter como eixo central a reparação histórica, o enfrentamento às desigualdades e a participação efetiva de trabalhadores e comunidades locais. As faixas exibidas pelo percurso ressaltaram que não há justiça climática sem justiça social, reafirmando críticas a iniciativas que transformam bens naturais em ativos financeiros.
A marcha também apresentou, de forma contundente, que soluções reais já estão em curso nos territórios. Agroecologia, manejo comunitário, economia solidária, soberania alimentar, proteção ancestral da biodiversidade e práticas tradicionais de cuidado com rios e florestas foram citadas como experiências concretas que demonstram caminhos possíveis para uma transição justa. “Nossas práticas mostram que é possível viver em equilíbrio com a natureza sem expulsar povos de seus lugares”, afirmaram representantes de comunidades amazônicas.
Entre as principais bandeiras defendidas, estiveram a responsabilização de países ricos e corporações, o fim das falsas soluções de mercado, a demarcação imediata de terras indígenas e quilombolas, a transição justa com centralidade da classe trabalhadora, o enfrentamento ao racismo ambiental e o reconhecimento dos maretórios e dos territórios das águas como espaços essenciais para a vida e a soberania alimentar.
A caminhada, que teve início por volta das 10h, seguiu até o meio-dia, quando o ato chegou à Aldeia Amazônica. Mesmo após o encerramento da marcha, grupos permaneceram no local participando de atividades culturais, rodas de conversa, performances e agendas de denúncia organizadas pelos movimentos presentes.
A Marcha Global por Justiça Climática integrou o conjunto de ações que marcam o encerramento da Cúpula dos Povos — iniciativa organizada por mais de mil movimentos sociais urbanos e rurais, povos indígenas, quilombolas e coletivos internacionais que, paralelamente à COP30, apresentaram ao mundo caminhos concretos para uma transição ecológica centrada na vida, nos direitos e na soberania dos territórios.
Fonte: Fetec-CUT/CN com CUT Nacional e Agência Brasil


