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16 de Fevereiro de 2022 às 07:08

Brasil, o paraíso dos banqueiros


Francisco Alexandre
No Brasil247

Os banqueiros no Brasil fazem valer à risca a expressão do anedotário popular de “que o melhor negócio do mundo é um banco bem administrado, o segundo melhor negócio é um banco mal administrado e o terceiro é um banco quebrado”. O dizer popular é sábio. E, para observar isso basta dar uma olhada rápida nos lucros dos três maiores bancos privados do país. O Itaú, o mais guloso, abocanhou R$ 26,8 bilhões, o Bradesco foi na mesma toada, com seus R$ 26,2 bilhões, e o Santander R$ 16,3 bilhões.

Eles lucraram em média 20,03% sobre o patrimônio líquido em 2021. Isso significa que a cada 3,8 anos Itaú, Bradesco e Santander dobram o seu patrimônio; ou seja, mesmo com a inflação de 10%, eles levam 40% de ganho real. Um abuso.

O uso de taxas extorsivas pelos Sistema Financeiro fica claro quando se faz a comparação com bancos privados mundo afora. Os 20 maiores bancos do mundo, sendo 12 deles privados (JP Morgan, Mitsubishi, BNP Paribas, Bank of America, HSBC internacional, Crédit Agricole, Sumitomo, Deutsch Bank, Mizuho Bank, Wells Fargo e Santander Holding), rentabilizaram em média 9,35% sobre o patrimônio líquido.

A diferença entre os lucros no Brasil e lá fora é abissal. Enquanto lá são necessários 7,8 anos para dobrar o capital investido, aqui no nosso mundo os banqueiros fazem isso a cada 3,8 anos – ou seja, em menos da metade no tempo.

A busca por lucro aqui não livra nem os bancos estatais. O maior banco do país, o BB, lucrou no ano passado R$ 21 bilhões, ou o equivalente a 16,3% sobre o patrimônio líquido, o que é muito quando se compara com os maiores bancos estatais do planeta (ICBC, Agricultural Bank, China Constrution Bank, Bank of China, Societê Generale, Japan Post Bank, Postal Saving Bank of China), que lucraram em média 9,65% sobre o patrimônio. Ou seja, enquanto no Brasil o capital do maior banco estatal dobra a cada 4,6 anos (0,8 ano a mais que os privados), no exterior a régua para dobrar do patrimônio líquido é de 7,5 anos.

Os números apenas revelam a distorção nas práticas do nosso Sistema Financeiro. Tem sido assim há anos. A desculpa para juros escorchantes, abusivos e predatórios, que equiparam bancos a agiotas comuns, é sempre a mesma, a de que o preço decorre do risco. O que não passa de distração para que banqueiros, os mesmos que sempre ganham e permanecem escalpelando clientes e tomadores de crédito.


Francisco Alexandre é ex-diretor eleito de Administração da Previ


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