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30 de Junho de 2016 às 06:31

Tecnologias representam um franco avançado na proposta de bancarização sem os bancários, explica Miguel Pereira


Crédito: SEEB/RO

Porto Velho RO - De todas as transações financeiras realizadas no país, apenas 5% é feito pessoalmente pelos bancários. Os restantes são por canais alternativos. Foi esta a realidade apresentada pelo bancário, advogado e diretor executivo da Contraf-CUT. Miguel Pereira, que ministrou palestra com o tema “Terceirização e Mobile Bank” no 24º Encontro Estadual dos Bancários, realizado nos dias 25 e 26 de junho, no Maximus Hotel, em Ji-Paraná.

Ele explicou que as transações pelo sistema mobile bank já são a segunda maior modalidade em todas as bilhões de transações feitas em 2015 comparados ao ano anterior. Só no Brasil já são 33 milhões das contas cadastradas no serviço. A internet, que era o segundo lugar (em primeiro o atendimento pessoal), perdeu o lugar para o mobile bank.

“Isso representa um franco espaço para os bancos avançarem na proposta de bancarização sem os bancários, e causa impacto no saldo de emprego. Nos últimos dois anos mais de 20 mil postos de trabalho foram eliminados, ou seja, deixaram de existir e não apenas por demissões. Quando os bancos lançam mão de novas tecnologias isso possibilita uma divisão nova do trabalho e mais terceirizações. Ou seja, leva o trabalho da categoria bancária para fora da categoria. O banco quer que a gente produza mais e nos pagando menos. Representamos um custo e os bancos estão sempre pensando em como eliminar esse custo”, detalha Miguel.

Para Miguel, a utilização indiscriminada de tecnologia requer a terceirização de outras categorias que não tem piso salarial, jornada de trabalho, direitos, acordos ou convenção coletiva.

“Cada vez mais serviços feitos por terceiros faz com que todo o poder de mobilização e negociação da categoria também seja alterado. Uma coisa é a negociação feita por bancário quando o serviço é feito por bancário, e outra é quando é feito por terceirizados, já que não possuem representação sindical. Isso fragiliza os poucos direitos dos terceirizados e, consequentemente, fragiliza a negociação dos bancários”, acrescenta o dirigente, que lembra ainda do quadro em que se encontram hoje as agências bancárias por conta da terceirização. “Todo mundo lembra quando as agências bancárias possuíam até 30 caixas para recebimento de contas. O que os bancos fizeram? Contrataram os correspondentes bancários e levaram o recebimento de contas para fora das agências. O que temos hoje? Agências bancárias com filas intermináveis com clientes esperando duas ou três horas para atendimento, como no máximo três caixas para dar conta de toda esta demanda. Isso tudo gera sobrecarga de trabalho, estresse, adoecimento, redução salarial. Ou seja, todo o processo de tecnologia alavanca mais terceirizações. Quem perde com isso? Os trabalhadores bancários, porque tem postos de trabalhos reduzidos e adoecem; os terceirizados, que ficam numa situação completamente ao largo da regulamentação legal e de representação, não possuem a maioria dos direitos, muitas vezes nem carteira de trabalho assinada; e a sociedade, o cliente e usuário, que acaba prejudicado, pois quando vai a uma agência ou não é recebido, ou não pode entrar e, quando pode, passa duas ou três horas na fila. Só quem ganha com isso são os bancos, que todos os anos tem índices recordes de lucratividade.

 

O ENCONTRO

“Sou diretor na Contraf-CUT há 12 anos, há quatro mandatos, ou seja, já temos a experiência de visitar as bases de todo o país, de acompanhar vários encontros, congressos e debates, em várias regiões, em vários dos 110 sindicatos filiados à Contraf, e posso dizer, sem sombra de dúvidas, que este é o Encontro mais representativo de toda a Contraf, de todos os bancários do Brasil que se organizam para a Campanha Nacional. Um empenho da diretoria, que sempre consegue trazer pessoas de todas as agências, e das cooperativas de crédito. O que Rondônia vem fazendo no movimento sindical é referência para todos os demais sindicatos do país. Par a a Contraf é um orgulho ter um sindicato tão classista, empenhado, trabalhador, combativo. E o que destaco, principalmente, é a renovação. Vi no plenário metade de pessoas que tem até cinco anos de banco, trabalhadores novos e isso, para nós que fazemos este debate há algum tempo, a gente volta pra casa revitalizado, com uma energia muito boa, pois saímos com a certeza de que a mobilização vai sempre ter continuidade e sempre será renovada, por pessoas novas se comprometendo, se interessando para debater as questões de interesse da categoria, e tudo isso se deve à credibilidade do Sindicato e sua diretoria”, analisou Miguel Pereira.

 

Fonte: SEEB-Rondônia

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