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18 de Junho de 2019 às 16:25

Prestação do financiamento imobiliário da Caixa pode ficar mais cara para o trabalhador

A longo prazo, o impacto da adoção do IPCA como índice de correção se fará sentir no bolso de quem mais precisa


Crédito: Reprodução

Brasília - O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou como uma mudança de paradigma no mercado imobiliário, a alteração na indexação das linhas de crédito habitacionais do banco público. A ideia é mudar a forma de correção dessas operações que hoje é feita com base na Taxa Referencial (TR) para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Para Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae, essa troca sutil prejudicará quem mais precisa do financiamento imobiliário. “O financiamento imobiliário no Brasil possui duas principais fontes de recursos, a poupança e o FGTS, ambos corrigidos pela TR. A mudança proposta terá impacto negativo no bolso do trabalhador cujas economias rendem referenciadas em TR, mas que ao sonhar com a compra de sua casa própria pagarão à Caixa um financiamento indexado em IPCA que nos últimos 10 ou 20 anos manteve – se bem mais alto que a TR”, explica.

A Caixa é primeiro banco dentre os grandes, a comunicar a intenção de mudar a indexação dos financiamentos imobiliários. Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil ainda não se manifestaram sobre alterações nesse sentido, provavelmente porque o IPCA, além de mais alto é também mais volátil ou instável do que a TR, o que poderia desencorajar seus clientes a tomar recursos nessas linhas.

“Temo que essa medida anunciada isoladamente pela CAIXA, redunde em perda do protagonismo do banco público no mercado de crédito imobiliário”, destaca o vice-presidente da Fenae, Sérgio Takemoto. Ele relembra que foi a presença histórica da Caixa, enquanto banco público, no centro das decisões estratégicas do financiamento imobiliário nacional que permitiu a formação e consolidação do mercado imobiliário brasileiro ao longo dos anos.

Ainda segundo Takemoto, essa mudança pode representar uma guinada liberal no sentido de uma financeirização mercado imobiliário. “Quem ganha com essa mudança é o mercado financeiro que poderá se beneficiar com o processo de securitização da carteira de crédito prometido pelo presidente do banco. Para a Fenae, a moradia deve ser compreendida como direito social e não como produto financeiro. É isso que está na Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, e a nossa Constituição Cidadã”, conclui.

De cada 10 imóveis financiados no país, sete são da Caixa Econômica Federal. Aproximadamente 25% dos domicílios existentes atualmente no Brasil forma financiados pela Caixa, o que corresponde a mais de 17 milhões de unidades habitacionais financiadas pela estatal deste 1964. A história e o papel da Caixa estão atrelados ao desenvolvimento econômico e social nacional.

“Nós não temos que entrar nessa ciranda financeira. A população é a dona da Caixa, então eu não preciso proteger o capital, preciso proteger a população. É muito mais correto proteger o cidadão que fez um esforço para financiar seu imóvel”, destacou o presidente da Fenae.

Fomte: Fenae

 


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