Notícias

home » notícias

17 de Setembro de 2020 às 11:37

Pantanal em chamas destrói um dos mais ricos biomas do planeta, situado na base da Fetec-CUT/CN

Bancários podem ajudar a mobilizar a sociedade e pressionar os governos a tomarem medidas urgentes para combater os incêndios


O Pantanal está em chamas. Resultado da seca, do desequilíbrio ambiental e também de ações criminosas, os incêndios seguem sem controle há dois meses sem que haja qualquer ação do governo federal para contê-los. Já consumiram 23% do bioma do Pantanal, um dos mais ricos e diversos do planeta, e se estendem para outras regiões, como o Cerrado e a Amazônia. Todas essas áreas atingidas e ameaçadas encontram-se nas bases da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN).

Veja a situação dramática do Pantanal neste vídeo abaixo.

O Pantanal é um bioma de 156 mil km² no extremo oeste do Brasil, entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e as fronteiras da Bolívia, Argentina e Paraguai. Os dois Estados brasileiros já decretaram situação de emergência.

O Estado do Mato Grosso é o que mais está sofrendo os impactos do fogo, com 2.200 focos de incêndio, o equivalente a 60% do total do país, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“Vivemos uma sequência de tragédias sem precedentes. Além da destruição da flora e da fauna, o fogo e a fumaça agravam os impactos da pandemia de coronavírus, porque está obrigando populações, principalmente indígenas, a se deslocarem de seus locais de moradia sem os necessários cuidados”, afirma Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN.

“Precisamos mobilizar os bancários do Centro-Norte e de todo o país, que acabaram de fazer uma campanha amplamente exitosa para combater a pandemia entre o povo Xavante, a também contribuírem nessa outra frente de batalha, pressionando os governos estaduais e federal a aumentarem os esforços para combater os incêndios”, acrescenta Cleiton.

Relatório divulgado pelo Inpe nesta segunda-feira 14 informa que as queimadas na área do Pantanal aumentaram 210% neste ano, em comparação com o mesmo período de 2009. Entre 1º de janeiro e 12 de setembro do ano passado, os focos de calor na região subiram de 4.660 para 14.489.

Desequilíbrio ambiental e ação criminosa

A geógrafa Ane Alencar, diretora de ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), explica que as queimadas dependem de três elementos: material combustível, condições climáticas e fonte de ignição que dê início ao fogo. No Pantanal, ela considera que dois elementos estão contribuindo para a piora do cenário. Um deles é o clima seco, provavelmente ligado ao aquecimento das águas do Atlântico.

“Esse fenômeno acaba impactando a quantidade de água que passa pela Amazônia. Quanto menos água entra no sistema vindo do Atlântico, menos a região do sudoeste do Amazônia, indo também para o Pantanal, recebe água. Aconteceu em 2005 e, quando você olha os dados de 2005, foi o ano que mais queimou. Este ano estamos batendo esse recorde.”

A pesquisadora, no entanto, afirma que o efeito climático não explica sozinho o desastre atual. “É importante a gente entender que, mesmo o Pantanal sendo um bioma onde o fogo faz parte do bioma, ele não ocorre naturalmente nessa época do ano. O aumento das fontes de ignição, esse fogo sendo iniciado pelo ser humano, é uma coisa muito visível no Pantanal e em outras regiões do Brasil.”

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o delegado da Polícia Federal Alan Givigi afirmou que vê indícios de queimadas deliberadas na região. “As queimadas começaram em fazendas da região, em espaços inóspitos dentro das fazendas, onde não há nada perto, o que nos faz entender que não pode ser acidente. Teoricamente, alguém foi lá para isso (colocar fogo).”

Perícias já realizadas no Pantanal identificaram focos a partir de queima intencional para criação de pastos, incêndios causados por acidentes na rodovia, problemas técnicos em máquinas agrícolas e fogueiras usadas para extração de mel silvestre.

Quem conhece o Pantanal diz que faltou se antecipar aos fatos. “As ações precisam começar mais cedo. Só foram tomadas de forma tardia em 2020, quando os números [de queimadas] já estavam altos. Uma lentidão fatal para o bioma”, afirmou ao El País Brasil Júlio Sampaio, que coordena o programa Cerrado Pantanal no grupo ambientalista WWF-Brasil. Ele cita o decreto federal que proibiu o uso do fogo no manejo das propriedades, publicado apenas este ano.


Fonte: Fetec-CUT/CN, com RBA e El País Brasil


Notícias Relacionadas