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6 de Abril de 2016 às 09:30

Panamá Papers e o retrato da elite brasileira


Por Antonio Eustáquio

A corrupção no Brasil tem caráter estrutural e sistêmico, e ainda entranha o arcabouço cultural do povo brasileiro. Isto é nitidamente notado nas pequenas corrupções do dia a dia da quase totalidade do povo, quando se fura fila, se sonega imposto tal como o IRPF, se deixa de emitir nota fiscal, e outros comportamentos que a sociedade acredita não serem desvios.

Agora, difícil é engolir a hipocrisia, especialmente da elite deste país que, nos últimos tempos, tem se utilizado de um braço de sua propriedade, a mídia, para disseminar o ódio, açambarcado por uma suposta defesa da ética e contra a corrupção.

Tornou-se figura fácil no noticiário da mídia hegemônica a necessidade de se combater o PT, e especialmente a presidenta Dilma Rousseff, utilizando como anteparo o discurso ético e contra a corrupção, como se aqueles que o erigem, estimulam e coordenam este processo fossem vestais de nossa sociedade.

Já há algum tempo se desnudou contas abertas por diversos atores da elite endinheirada brasileira em uma agência do banco HSBC na Suíça, famoso paraíso fiscal mundial, para onde recorrem muitos daqueles que querem esconder alguma coisa quando se trata de dinheiro.

Agora, como que dando um tiro no pé, para tentar arregimentar mais evidências de que o PT é o pai da corrupção no Brasil, a operação Lava Jato acabou por, inadvertidamente, exibir o caráter daqueles que estão, diuturnamente, trabalhando de forma bastante descarada para se quebrar o estado democrático de direito no Brasil.

Muitos, se não a totalidade, dos artífices do momento conturbado por que passa o país, inclusive como incentivadores de ações fascitas contra a presidenta Dilma, estão com seus nomes cravados na lista de beneficiários de operações com “offshore”desnudada pela PanapáPapers. Via de regra, em busca de tratamento fiscal que os livrasse de pagar os impostos que tanta falta fazem ao Brasil para manter seu equilíbrio, inclusive para gerar superávit primário e garantir o pagamento dos juros dos rentistas nacionais.

Soa deprimente ver a fantasia que estas vestais vendem com seu braço midiático, e se verem despidas de seu real propósito: evitar que suas atividades sejam interrompidas por um governo que permite que todos sejam tratados como iguais perante a lei.

Uma pena para os brasileiros que a evidenciação deste escândalo seja de origem internacional, o que facilita, e muito, seu abafamento pela mídia hegemônica que nos controla. Uma pena para os artífices da ruptura democrática que o nome de Dilma não esteja nesta lista.

*Antonio Eustáquio Ribeiro é diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília


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