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17 de Novembro de 2017 às 06:08

Marqueteiro relata repasse de caixa dois ao banco Opportunity


Folha de São Paulo
Fábio Fabrini
Letícia Casado

O marqueteiro Renato Pereira disse em sua delação que fez um contrato fictício com o Banco Opportunity para repassar dinheiro de caixa dois, em espécie, ao banco de Daniel Dantas.

O objetivo seria simular a prestação de serviços e dar aparência legal à devolução dos recursos por meio do sistema bancário.

Em depoimento prestado à PGR (Procuradoria-Geral da República), ele contou que, após as eleições de 2014, sua agência de publicidade, a Prole Propaganda, ficou com recursos "não contabilizados" e que a empresa foi procurada por um representante do Opportunity, interessado em absorver R$ 2 milhões das sobras de campanha.

O emissário do banco, segundo o delator, seria um executivo chamado "Fernando".

O marqueteiro afirmou que a agência topou a proposta e, com isso, seus sócios entregaram R$ 1,4 milhão em espécie ao Opportunity. Para devolver os recursos, o banco teria firmado um contrato de prestação de serviços falso com Pereira e seus sócios.

O contrato previa trabalho na área de comunicação sobre prejuízos à imagem do Opportunity, decorrentes de disputa com a Telecom Itália, para que o banco pleiteasse indenização. Os dois grupos eram sócios na extinta Brasil Telecom e disputavam o controle da empresa.

Ele apresentou como prova do suposto esquema nota fiscal de uma de suas empresas, a Conecta, no valor R$ 375 mil. Esse seria um dos valores transferidos do banco para a agência.

Pereira não disse quem teria indicado a Prole para o Opportunity, tampouco qual seria o objetivo do banco em receber dinheiro em espécie. Explicou que foram os sócios, e não ele, que tiveram contato com a instituição.

O marqueteiro foi o responsável pelas campanhas do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em 2014, e do antecessor Sérgio Cabral (PMDB), atualmente preso.

Sua delação foi enviada para homologação do STF (Supremo Tribunal Federal), mas o ministro Ricardo Lewandowski a devolveu à PGR para que se faça ajustes. Ele entendeu que houve exageros nos benefícios concedidos.

Procurado, o Opportunity informou que não contratou a Prole e que "nunca teve contato" com Pereira. Em nota, disse que contratou empresas de assessoria de comunicação de sócios de Pereira "para calcular o valor do dano decorrente do uso doloso da imprensa para procedimentos internacionais".

"A afirmativa do marqueteiro de que teria simulado um contrato de prestação de serviços com o Banco Opportunity é falsa. A mentira visa desacreditar os laudos que foram apresentados em demandas internacionais e serve sob medida para os concorrentes do Opportunity", segundo a nota. 


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