O evento, promovido pela Fenae e pelas Apcefs, reuniu empregados da ativa e aposentados do banco, representantes de sindicatos, entidades do movimento associativo e de organizações populares de defesa da moradia e da reforma urbana.
“Estamos em momento importante, às vésperas de uma eleição que vai ditar não somente o futuro do país, mas também da Caixa. Nos preocupa as declarações de alguns candidatos em defesa da privatização das empresas públicas. Por isso, debateremos também os programas dos presidenciáveis registrados no TSE. Nosso objetivo é subsidiar os trabalhadores e as entidades para a escolha de um projeto de governo que preveja a valorização e fortalecimento das estatais, para que possam cumprir o papel de promover o desenvolvimento econômico e social do país”, ressaltou o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, ao abrir o seminário.
A mesa de abertura do seminário contou também com a participação de Getúlio Vargas Júnior, coordenador do Fórum Nacional da Reforma Urbana (FNRU), do qual a Fenae faz parte. “É importante estar com vocês, que ajudaram a construir a Caixa, grande parceira na condução das políticas de desenvolvimento urbano do país. Estamos juntos com a Fenae para defender o banco e fortalecer todas as empresas públicas”, disse. Getúlio entregou a Jair Ferreira e à coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, Rita Serrano, um manifesto contra a privatização das estatais.
Rita Serrano, que também é representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, lembrou que a empresa vem perdendo as características de banco público, por conta do desmonte promovido pelo governo Temer visando a privatização. Já Paulo Moretti, presidente do Conselho Deliberativo Nacional (CDN) da Fenae, falou em nome das Apcefs. Para ele, somente com a soma de forças dos empregados e das entidades em todos os estados será possível barrar os ataques à Caixa.
Modelo a serviço da elite
Na explanação durante o seminário “Futuro da Caixa, Cenários e Desafios”, Jessé de Souza explicou que para entender o atual momento político do país é preciso discutir a narrativa construída sobre os brasileiros e difundida a serviço da elite. “Em todas as sociedades, as elites sabem que precisam, primeiro, dominar a cabeça das pessoas com ideias para, depois, enfiar a mão no bolso delas”, enfatizou.
Segundo o sociólogo, a imprensa e os grandes grupos econômicos, entre eles os bancos, tiveram papel decisivo nesse modelo de sociedade que favoreceu a classe dominante. A propagação dessas ideias teve início, ainda de acordo com ele, com a associação entre elite e classe média já a partir da década 1930 e foi se fortalecendo ao longo dos anos. “Precisamos recuperar o passado, porque é onde está a lógica do que está acontecendo hoje. Não é a primeira vez que vivenciamos golpes contra a democracia e em favor da elite, como o que estamos vivendo agora”, acrescentou.
Depois da palestra, Jessé de Souza autografou exemplares do livro “Subcidadania brasileira”, que foram distribuídos para os participantes do seminário.
Fonte: Fenae