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29 de Abril de 2019 às 07:35

Em ato em frente a prédio do BB, Sindicato defende: “Diversidade é marca do Brasil”


Crédito: SEEB/BSB

Brasília - Em defesa da diversidade, contra a intolerância e a censura no Banco do Brasil, o Sindicato realizou um ato de repúdio, nesta sexta-feira (26), no início da tarde, em frente ao Edifício BB, na Asa Norte. A intervenção do governo Bolsonaro na gestão de marketing da instituição financeira, ao vetar uma campanha publicitária, causou revolta entre funcionários, após entrevista do presidente concedida aos jornalistas, ontem (25) pela manhã.

A propaganda do BB, protagonizada por jovens negros, tatuados e com cabelos compridos, era direcionada também ao público jovem, o qual o banco tem interesse em atrair. Por isso, a decisão de Bolsonaro, acatada pelo presidente do BB, Rubem Novaes, causou indignação, até porque não houve nenhum esclarecimento convincente do motivo que o levou ao cancelamento do comercial, o que dá a entender que a conduta do capitão só pode ser preconceito e racismo flagrantes.

“O Sindicato não admitirá esse atentado contra a diversidade. Estamos aqui dialogando com todos os funcionários do BB por entender que isso é um ataque também a eles. O banco tem a sua construção, feita ao longo de 210 anos, pela diversidade do povo brasileiro. São funcionários, homens e mulheres, negros, brancos, homossexuais, heterossexuais, trans. Enfim, existe uma diversidade de público dentro do BB”, ressaltou o diretor do Sindicato Kleytton Morais, também funcionário do banco.

Na opinião do dirigente sindical, é extremamente equivocada a demissão do diretor de marketing do banco. “O BB possui instrumentos para avaliar o desempenho dos funcionários. Não é dessa forma, com esta intervenção absurda, que fragiliza a imagem do banco, do ponto de vista da opinião pública, que iremos construir os resultados e o papel da instituição financeira”, enfatizou Kleytton.

E acrescentou: “A nossa solidariedade ao colega de marketing, que viu seu trabalho ser violentado. E tenham a certeza que não vamos permitir que essa conduta preconceituosa se repita. A diversidade é marca do Brasil”.

Conduta injustificável e abusiva

“É totalmente injustificável e abusiva qualquer atitude do governo contra o diretor de marketing e funcionário do BB, Delano Valentim. O vídeo que já estava sendo veiculado tinha o objetivo claro de fortalecer o Banco do Brasil, ampliando o público correntista. Com esta conduta, o governo mostra incompetência e deixa claro seu objetivo de prejudicar o BB”, endossou o diretor da Fetec-CUT/CN Wadson Boaventura.

“Precisamos agregar nessa luta pela diversidade, ainda não somos maioria no banco, não chegamos a assumir as diretorias, as vice-presidências. Precisamos ocupar nosso lugar, nosso espaço”, alertou a secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Marianna Coelho. Ela criticou a censura à propaganda, “que trazia um diálogo com um público mais jovem do banco, que não retrata o homem branco, misógino. Por isso, repudiamos o governo e o próprio presidente do BB, que vetou a peça publicitária, que inclusive já estava paga pelo banco”.

Paulo Vinícius (o PV), diretor do Sindicato, completou: “Estamos convocando todos os bancários brasileiros que têm compromisso com a democracia para se unir e defender a nossa empresa”.

A postura do presidente Bolsonaro chamou a atenção de toda a sociedade brasileira. Durante o ato em frente ao prédio do BB, as emissora de TV Bandeirantes e SBT também estiveram presentes para mostrarem à opinião pública o posicionamento dos dirigentes sindicais.

Durante o ato, houve uma pausa para a descontração com um momento cultural, com a apresentação do grupo musical Tropicaos, ao som de músicas brasileiras.

Conselho de Administração do BB

Outro assunto abordado no ato foi a reunião do Conselho de Administração do BB, que aconteceu nesta sexta-feira (26), com uma pauta extremamente controversa. As indicações dos novos representantes do mercado financeiro para o Conselho de Administração do BB causaram mal-estar e polêmica.

“O BB provavelmente estará se retirando do Novo Mercado nessa reunião. E o que tem a ver essa saída com essa tentativa de censurar a adversidade e a publicidade no BB? Tem íntima conexão, porque retirar o banco das regras de governança e transparência significa possibilitar atos que não estejam no controle da sociedade e no radar dos órgãos de controle. Isso não admitiremos”, esclareceu Kleytton Morais.

Ele reiterou: “É por isso que estamos aqui e é assim que nos manteremos em luta, e com diálogos diuturnos com os trabalhadores, para que atos dessa natureza contra o BB não tenham força e sejam retirados da pautas desses maus dirigentes que estão no banco, não para cumprirem os interesses da empresa, mas os interesses exógenos materializados na própria manifestação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), de conflitos de interesse com a sua atuação no mercado financeiro privado”.


Mariluce Fernande
Do Seeb Brasília


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