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29 de Julho de 2016 às 11:10

Desabafo e reafirmação de princípios


* Por William Mendes

"É a verdade o que assombra
O descaso que condena
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais

Tenho os sentidos já dormentes
O corpo quer, a alma entende
Esta é a terra de ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão..." (Legião Urbana, Metal Contra as Nuvens)


Olá companheir@s, amig@s e colegas do Banco do Brasil,

Ontem, quarta-feira 27, cheguei do trabalho e fiquei um pouco no sofá com a esposa. A cabeça estava pensando em mil coisas após o dia de reuniões e deliberações na governança da Cassi, entidade de autogestão em saúde onde sou gestor eleito pelos trabalhadores desde junho de 2014. A direção é paritária entre o Banco do Brasil e os associados.

Acabei saindo para correr depois das 22h, pra ver se espairecia um pouco. Ao final do percurso de 6 km, percebi que fiquei 37 minutos pensando em tudo o que tenho enfrentado e vivido por ter cedido às insistências de meus pares do movimento social para que eu disponibilizasse meu nome para compor chapa nas eleições da Cassi em 2014, pleito em que saímos vitoriosos, graças à confiança da maioria dos associados e do trabalho realizado pela militância das entidades participantes do projeto. Sou muito grato por isso e retribuo diariamente a confiança depositada em nós com o meu trabalho obstinado pela Cassi e pelos associados.


Desabafo e reafirmação de princípios

Em quase todas as corporações e instituições sociais, o que enfrentamos nos bastidores do poder, os dilemas, as agruras, e até as humilhações e assédios, não são coisas descritíveis, porque às vezes é uma soma de miudezas cotidianas. A gente apenas busca superar essas coisas com trabalho intenso, muito foco nos objetivos e com a criação de válvulas de escape que nos permitam não quebrar durante nossa missão. A busca de apoio coletivo e o não isolamento também são importantes.

Trouxe uma lição de ouro do movimento sindical cutista, onde me formei politicamente e estive por mais de 15 anos: toda vez que estiver sufocado pelas brigas e disputas internas, as travas da burocracia da instituição, saia e vá para a base conversar com os trabalhadores. Esse é o melhor remédio para um representante eleito e tem sido um princípio basilar e vital para o nosso mandato.

Talvez o mais cômodo fosse me adaptar à burocracia da atual instituição em que estou exercendo um mandato de representação. O comum é o eleito se afastar da base, de suas origens e de suas práticas sindicais e princípios éticos. Não é o meu caso! Essa eventual comodidade de se encastelar na estrutura burocrática me mataria.

Logo de chegada, estudei muito a entidade em que passaria a gerir, busquei compreender o que era o estratégico na área em que sou gestor - a Diretoria responsável pelo modelo de saúde da Cassi e pela estrutura própria definida para o modelo funcionar -, e percebemos que havia uma enorme missão a cumprir: percorrer toda a base social de nossa entidade – o Brasil -, onde estão os associados, suas entidades representativas, a estrutura capilarizada do Banco do Brasil num país continental, e dar informações e conhecimento a essa comunidade de 180 mil "clientes-donos" da Cassi. Empoderar os associados de seus direitos e deveres.

Adotei como estratégico ir às bases permanentemente para o nosso trabalho de fortalecimento da Cassi, de seu modelo assistencial e pela manutenção de direitos em saúde dos associados, exercendo o meu papel de Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi, prestando contas do que fazemos, o que pensamos a respeito dos mais diversos temas relacionados à saúde e à nossa entidade, e convidando toda a comunidade a se juntar a nós no projeto previsto para ser implantado na Cassi.

Também criamos um boletim mensal para que todos OS QUE DESEJASSEM tivessem informações dinâmicas sobre a Cassi, a saúde e o nosso mandato. E tenho ainda este blog, onde diuturnamente falo sobre todas essas questões afetas à nossa área de atuação.

Eu sou o responsável pelas Unidades Cassi nos Estados e DF e pelas 65 CliniCassi e, meses depois que iniciei o trabalho de gestão da rede, o orçamento foi contingenciado e meu mandato inteiro está sendo realizado sem podermos fazer o que gostaríamos de melhorias nas unidades da Cassi que atendem aos nossos associados e familiares.

Sou o diretor responsável pelo estímulo ao funcionamento dos Conselhos de Usuários da Cassi, e todos sabem que sou grande defensor dos Conselhos, do voluntariado e da participação social. No entanto, praticamente fui tolhido do direito de exercer essa função de nossa Diretoria desde o início de nossos trabalhos. Me desdobrei para não ser derrotado pelo fato e saímos a campo buscando apoios e parcerias para realizarmos todas as Conferências de Saúde previstas no país até hoje. Já participei de 28 nestes dois anos.

Como gestor do Modelo de Atenção Integral e Estratégia Saúde da Família (ESF), tenho pedido aos funcionários da Cassi um esforço extra para cadastrar e vincular participantes ao modelo de saúde. A dedicação de nossas equipes nos emociona cada vez que conversamos com elas nas unidades administrativas e de atendimento distribuídas em todas as Unidades da Federação. E eles têm nos ajudado a cuidar cada vez mais dos participantes assistidos, mesmo em condições não ideais por causa do orçamento contingenciado da empresa.

Não quero me alongar mais, só reforçar aqui alguns princípios e compromissos para este ano de trabalho de 2016 porque, como diriam as pessoas de fé, 2017 aos deuses pertence.

Eu me comprometi com nossas equipes em ir aos Estados, às unidades, para contribuir com o trabalho deles em abrir portas para divulgar mais as informações necessárias à comunidade BB sobre o que é a Cassi, como ela funciona, como unir esforços para a promoção da saúde e melhor uso das unidades que temos, como cuidar de mais pessoas, mesmo vivendo a pior crise do setor saúde das últimas décadas. Neste último caso, a Cassi precisa dos serviços de Rede Credenciada e, às vezes, não é culpa da Caixa de Assistência sofrer os reflexos dos problemas oriundos do "mercado da saúde", de legislação impositiva, de fraudes e ineficiências de prestadores, e até de cartéis no setor de saúde.

Já uso recursos próprios para exercer meu trabalho quase desde que cheguei à gestão e se quiser cumprir nossa agenda de 2016, terei mais despesas ainda para trabalhar, mas não tem problema.

Conversar com os funcionários da Cassi, com os associados e representantes, com colegas gestores do BB, é uma necessidade, porque nos dá alegria, nos dá sentido.

Nossa agenda de trabalho deste semestre prevê a ida a 19 Estados. Já fomos ao Amazonas e Roraima e estamos nesta quinta-feira 28 no Espírito Santo. Foi muito bom estar lá no Norte e falar sobre a Cassi.

Teremos Conferências de Saúde em Goiás, Rondônia, Alagoas, Pará, Rio Grande do Sul, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Pelos menos para esses eventos de fortalecimento da participação social, eu agradeceria se puder contar com o apoio financeiro e logístico das entidades representativas. Por exemplo, o Sindicato de Rondônia já nos garantiu passagens e estadia para irmos lá. Agradeço de coração em nome dos associados da Cassi. O mesmo se deu quando realizamos as conferências do Piauí e da Paraíba, no 1º semestre.

Também iremos cumprir agendas de trabalho nos Estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Acre, Paraná e Santa Catarina. Nestes locais, eu irei por minha conta por entender ser fundamental para o nosso trabalho da Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento. Já fiz o mesmo no 1º semestre, ao visitar alguns estados para os quais não fui com recursos da nossa entidade de saúde.

Em relação à minha opinião sobre o momento atual da Cassi e o que entendo ser a melhor perspectiva de solução para o custeio do déficit e a sustentabilidade do Plano de Associados, sem afetar a solidariedade, vou me manifestar tanto aqui no blog como também presencialmente nos fóruns, sempre com o foco no melhor para a Cassi do modelo solidário de saúde para os associados.

Abraços aos meus pares da classe trabalhadora.


William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)

Post Scriptum:
Comecei a escrever este desabafo na quarta à noite e gastei um dia todo refletindo sobre a publicação dele. Agora é noite de quinta, e já trabalhei à tarde em Vitória (ES). Tive uma reunião tão boa com os funcionários da Cassi, que me enchi de energia para realizar até dezembro toda a agenda que descrevi para vocês. Estou com o espírito leve!

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