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20 de Janeiro de 2020 às 18:47

Bilionários do mundo têm mais riqueza do que 60% da população mundial, aponta Oxfam


Oxfam

Os 2.153 bilionários do mundo têm mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas – ou cerca de 60% da população mundial. É o que revela o novo relatório da Oxfam, “Tempo de Cuidar – O trabalho de cuidado mal remunerado e não pago e a crise global da desigualdade”, que estamos lançando nesta segunda-feira (20/1) às vésperas do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

A desigualdade global (e brasileira) está em níveis recordes e o número de bilionários dobrou na última década. E o novo relatório enfoca em um tema invisível, mas que é um dos combustíveis que alimentam essa engrenagem: as economias do mundo são sexistas.

“Milhões de mulheres e meninas passam boa parte de suas vidas fazendo trabalho doméstico e de cuidado, sem remuneração e sem acesso a serviços públicos que possam ajudá-las nessas tarefas tão importantes”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

Mulheres fazem 75% de todo o trabalho de cuidado não remunerado

As mulheres fazem mais de 75% de todo trabalho de cuidado não remunerado do mundo. E frequentemente trabalham menos horas em seus empregos ou tem que abandoná-los por causa da carga horária com o cuidado.

Em todo mundo, 42% das mulheres não conseguem um emprego porque são responsáveis por todo o trabalho de cuidado. Entre os homens, esse percentual é de apenas 6%.

As mulheres também são maioria na força remunerada de trabalho de cuidado. Enfermeiras, faxineiras, trabalhadoras domésticas e cuidadoras são em geral mal pagas, têm poucos benefícios e trabalham em horários irregulares. Também sofrem problemas físicos e emocionais.

População aumenta e envelhece

E o problema deve se agravar na próxima década conforme a população mundial aumenta e envelhece. Estima-se que 2,3 bilhões de pessoas vão precisar de cuidado em 2030. Isso representa um aumento de 200 milhões desde 2015. No Brasil, em 2050, serão cerca de 77 milhões de pessoas a depender de cuidado (pouco mais de um terço da população estimada) entre idosos e crianças, segundo dados do IBGE.

Leia também:  2019: como foi a produção legislativa para os trabalhadores, por André Santos e Neuriberg Dias

Além disso, de acordo com os  dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apenas 30% dos municípios brasileiros (cerca de 1.500) contam com instituições de assistência a idosos. E elas estão localizadas, em sua maior parte, na região Sudeste do país. Assim, 90% do trabalho de cuidado é feito informalmente pelas famílias – e desses 90%, quase 85% é feito por mulheres.

Ricos e grandes empresas têm que pagar mais impostos para financiar luta contra pobreza

O relatório “Tempo de Cuidar” revela ainda como governos vêm cobrando poucos impostos dos mais ricos e de grandes corporações. Com isso, abandonam a opção de levantar os recursos necessários para reduzir a pobreza e as desigualdades.

Considerando que os bilionários têm mais riqueza do que 60% da população, essa é a receita para uma catástrofe global.

Ainda assim, os governos estão sub-financiando serviços públicos e infraestruturas essenciais que deveriam reduzir o peso do trabalho de cuidado sobre mulheres e meninas. Investir em saneamento básico, eletricidade, creches e saúde, por exemplo, poderia dar às mulheres e meninas oportunidades para melhorarem a qualidade de suas vidas.

Economia voltada para todos e todas

“É por isso que os governos têm que enfrentar as imensas desigualdades que causam tanto sofrimento no Brasil e no mundo. E assim, quando eles deixam de agir, as pessoas vão às ruas, como estamos vendo por toda parte – no Chile, em Hong Kong, na França”, afirma Katia Maia.

 
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