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10 de Dezembro de 2019 às 15:48

Aumento de mortes de lideranças indígenas é o maior dos últimos 11 anos, diz CPT


CUT Nacional

O número de lideranças indígenas mortas em conflitos no campo em 2019 foi o maior em 11 anos, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgados nesta segunda-feira (9). Foram sete mortes em 2019 e duas em 2018. Os dados são preliminares. O balanço final será feito em abril de 2020.

Só no último fim de semana, três ativistas indígenas foram assassinados e outros ficaram feridos. No sábado (7), em Jenipapo dos Vieiras, no Maranhão, os indígenas Guajajara Firmino Prexede Guajajara e Raimundo Bernice Guajajara foram assassinados quando voltavam de uma reunião com representantes da Eletronorte e da Fundação Nacional do Índio. Nelsi Olímpio Guajajara levou um tiro na perna, mas sobreviveu. O outro indígena ferido não foi identificado.

Também no sábado, em Manaus, no Amazonas, o ativista da etnia Tuyuca Humberto Peixoto Lemos morreu no hospital após ser agredido a pauladas na segunda-feira (2).

Em nota publicada no site da CPT, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que “tais crimes têm acontecido na esteira de discursos racistas e ações ditadas pelo governo federal [comandado por Jair Bolsonaro], como o incentivo a invasões às terras indígenas”.

O Cimi denuncia e repudia mais este atentado e lembra que, em 1º de novembro, a liderança Paulo Paulino Guajajara foi assassinada dentro da Terra Indígena Araribóia, também no Maranhão, atacado por invasores durante emboscada. A nota lembra ainda que Laércio Souza Silva Guajajara foi  alvejado no braço e nas costas, mas sobreviveu.

“Tais crimes, contanto ainda com atentados, ameaças, tortura e agressões ocorridas por todo país contra essas populações têm acontecido na esteira de discursos racistas e ações ditadas pelo governo federal contra os direitos indígenas. O presidente Jair Bolsonaro tem dito e repetido, em vários espaços de repercussão nacional e internacional, que nenhum milímetro de terra indígena será demarcado em seu governo, que os povos indígenas teriam muita terra e que atrapalham o ‘progresso’ no Brasil”, diz trecho da nota do Cimi.

E mais: “Os direitos dos povos indígenas têm sido negociados e entregues à bancada ruralista, que já tem o controle das ações da Funai em Brasília e nas regiões. Nestes últimos dias, o atual presidente da Funai, Marcelo Xavier, determinou que todos os servidores sejam obrigados a solicitar sua autorização para prestar assistência às comunidades indígenas, além de proibir o deslocamento de servidores a terras indígenas não homologadas e registradas”, diz a nota cuja íntegra pode ser lida aqui.

Veja a lista de lideranças indígenas mortas em 2019:

27/02/2019: Cacique Francisco de Souza Pereira, morto aos 53 anos no conflito da comunidade Urucaia, em Manaus (AM)

13/06/2019: Cacique Willames Machado Alencar, morto aos 42 anos no conflito da comunidade Cemitério dos Índios, em Manaus (AM)

22/07/2019: Emyra Waiãpi, morto aos 69 anos no conflito da terra indígena Waiãpi/Aldeia Mariry, em Pedra Branca do Amapari (AP)

06/08/2019: Carlos Alberto Oliveira de Souza ("Mackpak"), morto aos 44 anos no conflito da comunidade Cemitério dos Índios, em Manaus (AM)

01/11/2019: Paulo Paulino Guajajara, morto aos 26 anos no conflito da terra indígena Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Gavião e Guajá, em Bom Jesus da Selva (MA)

07/12/2019: Cacique Firmino Prexede Guajajara, morto aos 45 anos no conflito da terra indígena Cana Brava/Aldeias Coquinho/Coquinho II/Ilha de São Pedro/Silvino/Mussun/NovaVitoriano, em Jenipapo dos Vieiras (MA)

07/12/2019: Raimundo Benício Guajajara, morto aos 38 anos no conflito da terra indígena Lagoa Comprida/Aldeias Leite/Decente, em Jenipapo dos Vieiras (MA).

Com informações do G1 e do site da CPT.


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