Artigos

home » Artigos

27 de Março de 2018 às 07:54

As "fake news" do TCU e o olho gordo do mercado no patrimônio da Previ


Por Marcel Barros

Em pleno voo livre das ”fake news” – tema que preocupa cada vez mais os regimes democráticos -, a “Folha de São Paulo” e o “Valor Econômico” publicaram no último sábado a mesma matéria, baseada em relatório do Tribunal de Contas da União, com o título “Fundos estatais deixam de ganhar R$ 85 bi por ineficiência, afirma TCU”.

Segundo o texto, o TCU fez um comparativo da evolução do patrimônio líquido de 88 fundos de previdência complementar públicos e 385 fundos de investimentos privados entre julho de 2006 e maio de 2017. “O resultado agregado da Previ, Petros e Funcef foi pior que o consolidado de todos os fundos públicos”, disse, de acordo com a matéria, o ministro do TCU José Múcio Monteiro, ex-deputado federal por Pernambuco pelo PDS, pelo DEM e mais recentemente pelo PTB.

A Diretoria da Previ está enviando os dados corretos ao TCU. Mas é preciso dizer que o relatório contém uma enxurrada de erros técnicos tão primários e grosseiros, com omissões e manipulação de dados tão grotescos, que tornam evidentes os seus objetivos políticos.

Veja no quadro abaixo como a evolução da rentabilidade do Plano 1 entre 2006 e 2017 foi acima da meta atuarial e bem acima do índice da Ibovespa, mostrando um excelente desempenho e desmentindo o relatório do tribunal.

No seu “estudo” pra lá de seletivo, o TCU ignora, por exemplo, os dividendos e juros sobre capital próprio pagos para renda variável, “esquece” de contabilizar os juros pagos semestralmente nas NTN-B e faz desaparecer como num passe de mágica os R$ 25 bilhões que os associados do Plano 1 receberam entre 2007 e 2013 como resultado dos sucessivos superávits.

O tal “relatório” não considera que o Plano 1 paga mais de 10 bilhões por ano em benefícios e que está fechado desde 1997. Os planos aos quais foi comparado estão na mesma situação? Quanto pagam em benefícios? Qual o nível de contribuição dos patrocinadores para os planos que serviram de “sparring” para o Plano 1? São questões fundamentais para se saber se o tal “crescimento de patrimônio” dos planos privados foi fruto de rentabilidade ou de contribuições, por exemplo.

Pior ainda, o “relatório” mistura valores do Plano 1 e do Previ Futuro, algo totalmente ilegal e que demonstra que foi algo, no mínimo, mal feito.

Depois dos percalços dos últimos anos em razão da oscilação das bolsas por causa da crise econômica, o Plano 1 já está novamente superavitário e o Previ Futuro rendeu para os associados o dobro da meta atuarial em 2017. Confira aqui.

Veja abaixo o índice de eficiência do Plano 1 em 2017, comparado com alguns fundos do mercado, extraído da apresentação de resultados.

E confira abaixo os dados de fevereiro deste ano dos investimentos do Previ Futuro, que em duas décadas de existência já é o 8º maior plano de previdência complementar do país.

Ou seja, os dados do TCU são grosseiramente mentirosos e a mídia ajuda a divulgá-los acriticamente, contribuindo com a circulação de “fake news”. A propósito, veja comentário da ombudsman da Folha de São Paulo publicado neste domingo dia 25 mostrando como o jornal ajuda a alimentar o mercado de notícias falsas nas redes sociais.

“O Tribunal de Contas é um playground de políticos fracassados”, disse em agosto de 2015 o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, ao denunciar as acusações infundadas do Tribunal de Contas que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Veja aqui.

Até pode ser. Mas é muito mais que isso. É um clube formado por ex-políticos de partidos da base do presidente não eleito Michel Temer, que está implementando a ferro e fogo a agenda do mercado financeiro, que não só está interessado na privatização das empresas públicas (entre elas o Banco do Brasil) como no bilionário patrimônio dos nossos fundos de pensão.

Construímos a Previ para os Associados e resistiremos a mais esse ataque.


Do blog de Marcel Barros, diretor eleito de Seguridade da Previ


Notícias Relacionadas