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31 de Julho de 2021 às 23:00

Seminário da Fetec-CUT/CN recomenda acelerar organização do ramo financeiro

Participantes decidem criar Coletivo Regional do Ramo, com participação de representantes de todos os sindicatos filiados, para trocar informações, juntar dados técnicos e traçar estratégia de ação


Enquanto a categoria bancária vem perdendo postos de trabalho, chegando hoje a menos de 400 mil em todo o país, aumenta o número de trabalhadores no conjunto do ramo financeiro, que segundo estudos da Contraf-CUT e do Dieese chega a 1,3 milhão de pessoas, sem contar os novos modelos de bancos digitais, que não se beneficiam das conquistas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários. O grande desafio das entidades sindicais é desenvolver uma estratégia para atrair a representação dessa grande massa de trabalhadores.

“Temos que trabalhar com mais empenho a organização do ramo financeiro como um todo, conversar com os trabalhadores e com os sindicatos, pensar em fusões para garantir uma representação laboral com direitos mais ampliados. Essa é uma das principais missões do nosso meio sindical”, alertou na abertura do encontro o secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Carlindo Oliveira, o Abelha.

Essas foram as principais conclusões do seminário/oficina do Ramo Financeiro realizada nesta quarta-feira de forma virtual pela Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN), que contou também com a participação do economista Gustavo Cavarzan, técnico da subseção do Dieese na Contraf-CUT, e da secretária-geral do Sindicato de São Paulo, Neiva Ribeiro, que contou a experiência de sua entidade no esforço de buscar essa representação.

Ao final do encontro, do qual participaram 48 dirigentes de todas as entidades filiadas à Fetec-CUT/CN, saiu a recomendação para que os sindicatos reforcem a atuação visando a organização do ramo, começando por um mapeamento dos trabalhadores dos demais setores em cada base sindical. E os participantes decidiram criar um Coletivo Regional do Ramo, formado por pelo menos um representante de cada sindicato filiado à Fetec-CUT/CN.

“O objetivo é que, juntos, possamos compartilhar dados e informações técnicas, elaborar diagnósticos conjuntos e definir estratégias de ação, rumo à construção da representação e estender direitos a todos os trabalhadores vinculados ao ramo financeiro, criando uma solidariedade de classe. Esse deve ser um esforço conjunto de todos os sindicatos da Federação”, explica Talita Régia, secretária de Organização do Ramo da Fetec-CUT/CN, organizadora do seminário.

Categoria bancária se reduz, o ramo se amplia

O economista Gustavo Cavarzan mostrou números impressionantes sobre as profundas transformações pelas quais o ramo financeiro passou nas últimas décadas, seja como modelo de negócio, como organização empresarial e modo de produção, provocadas entre outras causas pelas mudanças tecnológicas, na regulamentação do Banco Central, na legislação trabalhista, nas políticas econômicas, no papel dos bancos públicos e no consumo de produtos financeiros.

Essa reestruturação brutal se deu em várias ondas e vem reduzindo o que chamou de “núcleo central” da atividade dos bancos comerciais, onde trabalham os bancários, e aumentando velozmente “as atividades periféricas”, onde ele situa os financiários, correspondentes bancários e trabalhadores de cooperativas e uma gama crescente de atividades financeiras que integram as holdings dos bancos, que chega aos bancos digitais e fintechs.

Em 1990, os bancários eram cerca de um milhão em todo o país e hoje são menos de 400 mil. Segundo os números do Dieese, em 1994 cerca de 80% dos trabalhadores do ramo financeiro eram da categoria bancária, protegidos pela Convenção Coletiva. Em 2018, esse percentual caiu para 51%.

Entre 2013 e 2020, a categoria bancária perdeu 83 mil postos de trabalho. E o número de trabalhadores no restante do ramo financeiro aumentou em 218 mil no mesmo período. “Não houve avanço em forma de organização desses trabalhadores. Precisamos nos aproximar deles”, defende Gustavo Cavarzan.

A secretária-geral do Sindicato de São Paulo, Neiva Ribeiro, contou no seminário/oficina a experiência de sua entidade na aproximação com esses trabalhadores dos demais segmentos do ramo financeiro. Entre várias iniciativas, citou a criação da figura do sócio-parceiro do Sindicato, pelo qual esses trabalhadores têm acesso a uma série de serviços oferecidos pela entidade.

Neiva também contou que o Seeb São Paulo criou em parceria com a Union Network Internacional (UNI, o sindicato mundial de trabalhadores dos setores de serviços, que inclui os bancários) um projeto-piloto envolvendo os setores de tecnologia do sistema financeiro.

“Estamos tentando nos aproximar, conversando com pequenos grupos, organizando mailing para enviar newsletter e grupos de whatsapp, mas há muitas dificuldades porque muitos não se consideram bancários e outros já estão filiados a sindicatos, muitos deles fantasmas. Estamos montando ainda uma estratégia de aproximação”, disse Neiva.

Ao final do seminário, vários dirigentes dos sindicatos filiados à Fetec-CUT/CN relataram também as experiências de aproximação com setores do ramos, especialmente com financiários e trabalhadores das cooperativas de crédito.

 

Fonte: Fetec-CUT/CN


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