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28 de Novembro de 2020 às 07:08

Resultado do trabalho dos empregados, privatização do banco digital é enfraquecimento da Caixa


A direção da Caixa segue com a agenda de privatizar o banco digital. A futura subsidiaria da Caixa ainda não existe, como o próprio presidente Pedro Guimarães já afirmou, mas segue prioritária na lista das empresas que devem ter o capital aberto. Ao Correio Braziliense, na última quarta-feira (24), Guimarães afirmou que está em processo de autorização a abertura de capital do banco digital.

Para presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, os empregados e a população precisam ser alertados do prejuízo que vai representar essa venda.

“O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, vende que é o fortalecimento da Caixa, da governança. Isso é mentira! O que eles estão trabalhando é na privatização da Caixa, enfraquecimento e entrega do patrimônio público”.

O banco digital é resultado do trabalho árduo dos empregados da Caixa. Em meio a uma das maiores pandemias da história, os trabalhadores foram convocados a atender à população e desenvolveram em tempo recorde o sistema que atendeu a 105 milhões de contas digitais. Após todo esforço realizado pelos trabalhadores no desenvolvimento dessa estrutura do banco digital, a direção irá entregar para o mercado privado.

Apesar do apelo das entidades e movimentos sindicais e associativo, os bancos privados não se envolveram no pagamento do auxílio emergencial. Assim, ficou a cargo da Caixa pagar inteiramente o benefício, um banco 100% público. Para Takemoto, o banco digital da Caixa mostra a eficiência dos empregados da Caixa. “Isso demonstra duas coisas. Primeiro, a capacidade da Caixa de fazer um atendimento, assumir uma responsabilidade de fazer o pagamento emergencial. Segundo, a capacidade dos empregados da Caixa de criar esse aplicativo em tão pouco tempo”, afirmou.

De acordo com Guimarães, produtos como o novo microcrédito, financiamentos imobiliários e até o Bolsa Família serão pagos por meio do banco digital. “É o consenso de todos que bancos digitais são o futuro e inevitável que a Caixa também partisse para isso. Mas ele [Pedro Guimarães] anuncia que vai criar esse banco e que vai privatizar? Se é o futuro da Caixa Econômica, o que vai sobrar?”, questiona Takemoto.

No recente balanço da Caixa, divulgado quarta-feira (25), o banco se superou mais uma vez, graças ao compromisso e eficiência dos empregados e contratados, mesmo correndo o risco de contágio pela covid-19, metas abusivas e déficit de empregados. As ações executadas em decorrência desse ano atípico provam que se hoje o Estado conta com um banco público do porte da Caixa, que pode ser usado em momentos de calamidade pública e para a execução de políticas anticíclicas é porque ao longo de muitos governos, os empregados, entidades e movimentos organizados empunharam a bandeira da defesa de manutenção do banco público frente às iniciativas de privatização.

 

Governo precisa adotar medidas anticíclicas

Com um cenário ainda de crise e uma possível 2ª onda de contaminação da covid-19, o governo Bolsonaro deixa de adotar medidas anticíclicas, que poderiam ser executadas pela Caixa, para a população que está sendo afetada pela crise sanitária.

Aposta para 2021, a Caixa lançou o microcrédito para “quem puder pegar”, segundo afirmou o presidente do banco. Mas o governo ainda não indicou como a população irá sair da crise. Ainda sem um plano efetivo de recuperação da economia, de criação de emprego e renda, o microcrédito pode levar a população de baixa renda ao endividamento, piorando a situação da crise.

“Não somos contrários à ampliação do crédito. Mas, as duas frentes têm que andar juntas e em um processo de transição factível. As políticas públicas para quem não tem outra forma de sobreviver é totalmente diferente de crédito a juros. Portanto, uma coisa não pode ser trocada pela outra”, reforçou Takemoto.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados da Pnad Covid-19 mostram que o desemprego bateu recorde em setembro e alcançou 13,5 milhões de pessoas, apesar da alta de 3,4 milhões de empregos criados, justificada pela flexibilização do isolamento social nas cidades. A taxa de desemprego é a maior de todo o período. Passou de 13,6 em agosto para 14% no mês seguinte.

 

Fenae


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